Este projeto foi delineado como possibilidade de inserir o tema da inclusão nas discussões sobre nutrição. Ainda que os debates sobre a educação inclusiva tenham sido pautadas nos últimos anos, o curso de Nutrição não tem se aproximado deste campo ou, pelo menos, não ultrapassa de modo importante o campo das orientações nutricionais específicas para deficiências específicas. Essa abordagem se distancia da que se pretende com este projeto. Ao questionar como se dá o processo de desenvolvimento de habilidades culinárias de pessoas com cegueira pretendemos lançar luz sobre um aspecto pouco estudado e descrever uma realidade que, apesar de vivenciada por muitos, não encontra ainda repercussão adequada no contexto da formação de nutricionistas. Sabe-se que os deficientes visuais ainda enfrentam limitações que impactam de maneira permanente o seu cotidiano, como no ato de comprar a comida e prepará-la para consumo. O Guia alimentar para a população brasileira aponta a importância da habilidade culinária para a promoção da alimentação saudável. Deste modo, entender como pessoas com deficiência lidam no preparo da sua alimentação ou de outrem, e como isso interfere nas práticas alimentares é fundamental para a prática do profissional nutricionista, principalmente para a inclusão social desses indivíduos, respeitando a sua individualidade e especificidades nas condutas nutricionais.
Trata-se de uma pesquisa de campo exploratória, em recorte transversal, com análise quali-quantitativa dos resultados. Devido a pandemia decretada em 2020, que inviabilizou a continuidade do projeto no formato presencial, essa atividade foi adaptada para ser realizada em formato inteiramente online por membros do Programa de Educação Tutorial de Nutrição (PETNUT).
Pretende-se, a partir das atividades de pesquisa, descrever aspectos relacionados à alimentação de pessoas com cegueira, bem como o processo de desenvolvimento de habilidades culinárias por pessoas com tal deficiência ao longo da vida. Como objetivos específicos pretende-se: descrever como se dá o contato que o deficiente visual tem com o alimento na realização das compras e, posteriormente, no preparo de refeições; caracterizar seu consumo alimentar e descrever o desenvolvimento de habilidades culinárias de pessoas com cegueira, identificando possibilidades e desafios. Em relação aos objetivos extensionistas do projeto, pretende-se desenvolver estratégias de educação alimentar e nutricional direcionadas ao público com deficiência visual.